Quem está pensando em formar pasto tem que, primeiro, escolher a espécie forrageira. E que tal escolher um capim que o boi gosta de comer?
Produtor deve se preocupar em fazer o melhor desde a formação até o manejo da pastagem para conseguir bons resultado A formação de boas pastagens exige cuidados. Para gerar melhores resultados na pecuária, tanto para a produção de leite quanto de carne, a escolha de uma boa forrageira é fundamental. Porém, essa decisão ainda deixa muitos produtores com dúvidas. Segundo os pesquisadores Domingos Paciullo e Carlos Augusto de Miranda Gomide, da Embrapa Gado de Leite, a escolha da planta forrageira deve ser feita com base nas características da espécie e da propriedade, principalmente aspectos do solo e do clima. O produtor também deve considerar para qual atividade a forrageira será utilizada. Confira dicas para escolher a variedade mais indicada para a fazenda.
O produtor deve considerar as características da espécie forrageira, da fazenda e da atividade, como cria, recria, engorda ou silagem. “O produtor deve observar características como potencial produtivo, persistência, capacidade de rebrotação após corte ou pastejo e valor nutritivo”, diz Paciullo. Algumas espécies são mais produtivas e mais exigentes em termos de manejo, pois se adequam bem aos sistemas mais intensivos de produção. Outras são mais rústicas, pois vão relativamente bem nos sistemas mais extensivos, manejados em solos mais pobres e de topografia montanhosa.
As diferenças climáticas são significantes nos biomas brasileiros, por isso é necessário observar questões como temperatura, volume de chuva e o tempo de exposição solar na região. “As condições climáticas interferem diretamente no desempenho das diferentes forrageiras e na produtividade das pastagens”, diz Gomide.
As gramíneas forrageiras de clima tropical se adaptam melhor em regiões mais quentes e com boa disponibilidade de luz, como as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Segundo Gomide, neste caso, são cultivadas principalmente espécies do gênero Brachiaria (Brachiaria brizantha, Brachiaria decumbens e Brachiaria humidicola). “O cultivo dos capins do gênero Panicum está aumentando, principalmente em sistemas mais intensivos. O capim-elefante é de uso mais restrito de propriedades leiteiras e tem sido explorado como capineira”, diz Gomide.
Embora essas forrageiras sejam recomendadas para a região Nordeste, condições de baixa quantidade de chuvas e altas temperaturas em algumas regiões podem prejudicar o desenvolvimento dessas gramíneas. Neste caso, o produtor deve preferir espécies adaptadas ao cenário de pouca umidade, como Cenchrus ciliares (capim-buffel) e palma forrageira. “Outra opção é o uso da irrigação em sistemas intensificados e bem manejados”, diz Gomide.
Na região Sul do Brasil, são usadas desde forrageiras perenes de verão, como as do gênero Pennisetum e Brachiaria, até aquelas adaptadas aos invernos mais rigorosos, com baixas temperaturas, como cultivares de azevém, aveia e leguminosas, como o trevo.
Antes do plantio é necessário observar o solo e clima da região onde a pastagem será implantada. Características como temperatura, precipitação, luminosidade e resistência do solo às pragas e doenças são importantes para obter melhores resultados. Para adequar as características de fertilidade do solo é recomendável fazer correção com calcário e adubar com fertilizantes, que devem atender exigências da espécie forrageira escolhida. “É importante atentar para o fato que não se pode modificar a topografia da área, o que exige neste caso que seja escolhida uma forrageira que tenha boa cobertura de solo e razoável tolerância à baixa fertilidade do solo, situação normalmente verificada em terrenos declivosos”, diz Paciullo.
As principais espécies usadas para formação de pastagens no Brasil são as forrageiras dos gêneros Brachiaria, Panicum, Cynodon e Pennisetum. As braquiárias predominam em quase todas as regiões, principalmente os capins marandu (braquiarão) e a braquiária decumbens, por oferecer boa produtividade e valor nutritivo, facilidade de plantio e de manejo, alta flexibilidade de uso, alta produção de sementes e boa produção animal.
Cultivares lançadas recentemente estão conquistando pecuaristas, como as cultivares Xaraés e Piatã. Entre as cultivares de Panicum maximum, as principais são Tanzânia e Mombaça, além da cultivar Massai. “Essas cultivares apresentam alta produção de forragem, principalmente as duas primeiras, e resistência às cigarrinhas das pastagens, principal praga de gramíneas forrageiras”, diz Paciullo.
Recentemente a Embrapa lançou no mercado a cultivar BRS Zuri que possui também alta produção de forragem e passa a ser outra opção forrageira para a pecuária leiteira. Entre as gramíneas do gênero Cynodon, destacam-se a grama-estrela e o Tifton 85. Essas são gramíneas de elevado valor nutritivo, embora tenham a limitação de propagação por mudas.
O gênero Pennisetum, conhecido como capim-elefante, apresenta muitas cultivares, com destaque para Napier, Cameroon, Pioneiro e Kurumi. “O capim-elefante é bastante usado para formação de capineiras, para uso na forma de verde picado ou silagem. São as gramíneas de maior potencial produtivo e nutricional, embora tenham limitações para propagação, por ser vegetativa, e são suscetíveis às cigarrinhas das pastagens”, diz Paciullo. Para as regiões com invernos mais frios, como as do Sul do país, são usadas as forrageiras como azevém e aveia.
Segundo Gomide, é difícil dizer que existam cultivares de forrageiras com melhor custo-benefício do que outras. “O mais importante é observar todas as condições adequadas para a escolha da forrageira, efetuar de maneira correta o plantio, para garantir um bom estabelecimento da pastagem, e se preocupar em realizar o manejo adequado durante a fase de utilização da pastagem”, afirma. “Mas podemos dizer que as cultivares de Brachiaria, especialmente a cultivar Marandu, são mais flexíveis em termos de manejo. Não é por acaso que forrageiras do gênero Brachiaria ocupam aproximadamente 80% das áreas de pastagens do País.”
O manejo é muito importante e exerce grande influência no valor nutricional das gramíneas. “Com o avanço da idade, a planta acumula matéria seca, o que é bom em termos produtivos, mas normalmente há prejuízos nutricionais com queda do teor de proteína, aumento do teor de fibra e redução da digestibilidade da forragem”, diz Gomide. Esta perda de valor nutricional ocorre pelo “envelhecimento” da planta e devido ao acúmulo de colmos (hastes) que são mais fibrosos e de folhas mortas. Estes materiais são evitados pelos animais em pastejo e acabam representando perdas de forragem e contribuindo para reduzir a eficiência de uso da forragem.
Para conseguir uma produção de forragem com bom valor nutritivo, a pesquisa busca definir as recomendações de manejo mais adequadas para cada espécie ou mesmo cultivar. “Atualmente as orientações de manejo têm se baseado em alturas do pasto a serem observadas, ou para a entrada e saída dos animais do piquete, no manejo rotacionado, ou para a altura do pasto a ser mantida sob lotação contínua. A dica é que, uma vez definida a forrageira a ser plantada e o nível de intensificação que se deseja, o produtor procure informações ou orientações de manejo”, diz Paciullo.
As gramíneas do gênero Brachiaria são as mais utilizadas em sistemas de produção de leite e de carne no País. As forrageiras Marandu e decumbens são utilizadas em praticamente todas as fases dos sistemas. “Desde que bem manejadas, são boa opção para as fases de recria e engorda”, diz Gomide.
Porém, para sistemas intensificados de produção de leite, com pastejo rotacionado, as forrageiras Tanzânia e Mombaça são as mais indicadas para vacas em lactação. São forrageiras que apresentam alta produção de forragem, suportando entre 4 e 8 vacas por hectare, dependendo do nível de adubação e suplementação volumosa e concentrada. A cultivar Tifton 85 apresenta alta produção de forragem e excelente valor nutritivo, sendo indicada para o produtor que deseja intensificar a produção leiteira. Cultivares de Cynodon, como a própria Tifton 85, além de outras, como a cultivar estrela, são adequadas também para sistemas de recria de novilhas leiteiras.
Se o produtor quer intensificar a produção de leite a pasto, a dica é escolher forrageiras de maior potencial produtivo e bom valor nutritivo. Nesse caso, as melhores opções são as do gênero Cynodon, Panicum, Pennisetum (capim-elefante), além das cultivares de Brachiaria brizantha. “Neste caso, podem ser escolhidas também as cultivares Tifton 85, Pioneiro, BRS Kurumi, Mombaça, BRS Zuri, Marandu e Piatã”, afirma Gomide.
A adubação também é fundamental para repor nutrientes no solo, garantir boa produtividade e qualidade da pastagem. “Doses de fertilizantes, tipos de adubos e momento de aplicação dependerão da espécie, nível de intensificação do sistema e outras características”, diz Paciullo. O produtor deve procurar orientação técnica sobre o manejo da pastagem e, assim, aumentar as chances de sucesso do negócio.
Para produção de silagem, a forrageira ideal e mais utilizada é o milho. O sorgo também pode ser usado, pois apresenta características semelhantes ao milho, com a vantagem de ser mais tolerante às condições de pouca umidade do solo. Está se popularizando também o uso de capins para a produção de silagem. “A silagem de capim tem a vantagem de apresentar menor custo de produção do que a silagem de milho. Contudo, os capins apresentam, normalmente, teores de matéria seca, à época do corte, menores do que aquele exigido para uma boa fermentação no interior do silo”, diz Paciullo. O capim-elefante é o mais usado atualmente com este propósito. Mas capins Tanzânia, Mombaça, Marandu e Ruziziensis também podem ser utilizados para a produção de silagem.
A classificação de um solo é obtida a partir da avaliação dos dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam. Aspectos ambientais do local do perfil, tais como clima, vegetação, relevo, material originário, condições hídricas, características externas ao solo e relações solo-paisagem, são também utilizadas.
A classificação de um solo se inicia com a descrição morfológica do perfil e coleta de material de campo, que devem ser conduzidas conforme critérios estabelecidos em manuais (IBGE, 2005; LEMOS; SANTOS, 1996; SANTOS et al., 2005), observando-se o máximo de zelo, paciência e critério na descrição do perfil e da paisagem que ele ocupa no ecossistema.
As características morfológicas observadas em campo necessitam ser descritas de forma completa, conforme os referidos manuais, recomendando-se os cuidados necessários para registrar com exatidão a designação dos horizontes do perfil (EMBRAPA, 1988b; SANTOS et al., 2005) e todas as características morfológicas usuais e extraordinárias. São muito relevantes as anotações quanto ao fendilhamento do solo, microrrelevo (gilgai), cores indicativas de oxidação e redução, altura e flutuação do lençol freático, horizontes ou camadas coesas ou compactadas, profundidade das raízes no perfil, atividade biológica ao longo do perfil e quaisquer ocorrências pouco usuais ou extraordinárias.
É importante que as características morfológicas estejam relacionadas à profundidade de ocorrência para fins de definição da seção de controle estabelecida para diferentes classes nos diversos níveis categóricos.
Todas as características morfológicas são relevantes para a caracterização e classificação do solo, mas algumas são particularmente indispensáveis, como as cores úmida e seca dos horizontes superficiais (H ou O, A e AB) e as cores úmidas dos subsuperficiais, conforme a caderneta de cores Munsell (MUNSELL…, 1994), a textura, a estrutura, a cerosidade, a consistência, a transição e características como nódulos, concreções, slikensides, superfícies de compressão e outras. Estas características são indispensáveis para definir os horizontes diagnósticos no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). A classificação definitiva de um solo é concluída somente após o recebimento e a interpretação de todas as análises laboratoriais referentes ao perfil. A partir destas, é muito importante um ajuste (se necessário) nas designações dos horizontes e sufixos atribuídas no campo.
A chave de classificação é organizada em 6 níveis categóricos. Os quatro primeiros níveis são denominados de ordens, subordens, grandes grupos e subgrupos, sendo que o 5 º e 6 º nível categórico ainda se encontram em discussão. Atualmente um solo pode ser corretamente classificado utilizando-se a chave de classificação, até o 4º nível categórico do sistema.
No Brasil tropical existem mais de 100 milhões de hectares com pastagens cultivadas, mas estimativas de pastagens degradadas variam de 50 a 80% para os biomas Cerrado e Floresta Tropical. Esses são dados alarmantes, mas produtores vêm lançando mão de técnicas de conservação, correção e adubação do solo, estabelecimento e manejo de pastagens, e usando novas cultivares de forrageiras, para solucionar esse problema.
Mas como abordar a escolha da forrageira? O primeiro passo é definir o objetivo da pastagem a ser formada: se pasto para cria, recria ou engorda de bovinos, fenação ou ensilagem. O ideal é que o produtor opte por diversificar suas pastagens assim ele diminui a vulnerabilidade da propriedade quanto à queda de produtividade e outros riscos típicos da monocultura. A diversificação permite uma utilização muito mais racional dos diferentes tipos de solo e permite o uso estratégico das pastagens: categorias animais de maior exigência em pastos melhores, alternância respeitando o período de florescimento, etc. O criador que tiver áreas plantadas com variedades diferentes não ficará sem opção porque sempre terá pastagens em boas condições.
As alternativas para solos de menor fertilidade são a Brachiaria decumbens cv. Basilisk e o Andropogon gayanus cv. Planaltina, ambos rústicos e bem adaptados aos solos ácidos e pobres dos cerrados. Como vantagens têm o crescimento rápido, o bom acúmulo de forragem e palatabilidade. A B. decumbens compete muito bem com plantas invasoras e cobre bem o solo por ter crescimento estolonífero. A desvantagem é a suscetibilidade às cigarrinhas-da-pastagem. Já o andropógon é resistente a esses insetos, mas sofre ataque de formigas e a formação e manejo da pastagem é mais difícil por ter sementes leves e entouceirar e deixar espaços vazios. A B. humidicola é também recomendada para solos fracos, mas mais especialmente para uso em várzeas sujeitas à inundação temporária. São duas as “humidicolas” no mercado: a comum e a cv. Llanero (erroneamente chamada de dictioneura). Uma terceira, cv BRS Tupi deverá chegar ao mercado nesse ano. A verdadeira B. dictyoneura é outra espécie, que difere da B. humidicola por não ser estolonífera. O valor nutritivo dessas duas é inferior a braquiarinha e ao andropógon, mas a tolerância a solos úmidos faz dessas a alternativa mais utilizada pelos fazendeiros. Se plantadas com Arachis (amendoim forrageiro), leguminosa bem adaptada a áreas úmidas, a qualidade da pastagem é sensivelmente melhorada e o ganho animal esperado é maior. Outra opção para áreas úmidas e pouco férteis é o capim Pojuca (Paspalum atratum), planta cespitosa de folhas macias, mas passa rápido por isso requer pastejo a cada 20-28 dias para manter a qualidade.
Forrageiras para solos de média fertilidade incluem a B. brizantha cvs. Marandu, Xaraés e BRS Piatã e a B. ruziziensis, essa última largamente utilizada como palhada em áreas de integração lavoura-pecuária devido a rápida formação e cobertura do solo, qualidade da matéria orgânica produzida e incorporada ao solo e facilidade de secagem por herbicidas.Sua suscetibilidade às cigarrinhas, ao frio e a seca a torna menos apta a pastagens permanentes. Entre as cultivares de B. brizantha, a cv. Xaraés é a que dá maior capacidade de suporte, e a cv. BRS Piatã dá o maior ganho individual. Essa é a mais precoce no florescimento, seguida da Marandu e por fim a Xaraés, permitindo um manejo estratégico para uso de cada uma no estágio vegetativo de maior qualidade.
Forrageiras para solos férteis ou para manejo intensivo incluindo adubações de manutenção são Panicum maximum, cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai, e os capins elefante com uma miríade de variedades (Napier, Cameroon, Taiwan, etc.). As B. brizantha também se prestam à intensificação, desde que adubadas, mas com menores ganhos. Os panicuns são geralmente usados em pastejo rotacionado e o capim elefante, como capineira. As cvs. Tanzânia e Mombaça praticamente se equivalem em ganho de peso por área e por animal, mas a primeira é de mais fácil manejo por apresentar mais folhas e menos colmos. O capim Massai é de porte mais baixo e cobre melhor o solo, mas o ganho por animal e por área é inferior às outras duas cultivares. É bem consumido por eqüinos e ovinos. O capim elefante é normalmente plantado por mudas e por isso muito mais utilizado para gado leiteiro. É o capim de maior produtividade, mas é suscetível às cigarrinhas.
Fonte: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=21175&secao=Colunas%20e%20Artigos
É época de formar pasto e o produtor tem até meados do mês de janeiro para plantar, passando desse período corre-se o risco de não se obter um bom estabelecimento da pastagem.
As pastagens degradadas são responsáveis pela baixa capacidade de produção de carne e leite, no criatório brasileiro. As propriedades, geralmente sofrem também com erosão laminar, em sulcos e até voçorocas, que podem levar a perdas de mais de 100 toneladas de solo/ha/ano,
Os solos para serem classificados são verificados os fatores de formação do solo e suas características específicas, pois assim conseguiremos determinar a qualidade e, principalmente o tipo de solo que estamos falando.
Na coluna desse mês reporto atividades discutidas nos últimos dias 24 e 25 de maio, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, por ocasião do 9º Workshop Embrapa-UNIPASTO sobre Melhoramento de Forrageiras Tropicais.